segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Viagem a Berlim

























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Estive em Berlim há pouco tempo e pude testemunhar como a cidade, ao longo destes 20anos após a queda do muro, nunca mais deixou de andar em obras de restauração. O lado leste da cidade é o que apresenta maior frenesim de reconstrução mas é, no entanto, o que apresenta maior imponência quer a nível monumental quer a nível de edifícios que serviam as altas instâncias governamentais. Fica-se esmagado. Com partes do muro ainda pé, cheio de grafitis, vê-se no chão o ziguezaguear, que foi conservado, do sulco do muro que atravessa a zona de Postdamer Platz. Do lado ocidental, junto ao Check Point Charlie (nome dado pelos aliados ocidentais para atravessar a fronteira entre Berlim Ocidental e Berlim de Leste e que se tornou um símbolo da guerra fria) existe o Allied Museum com centenas de fotos e testemunhos sobre fugas, tentativas de fugas goradas, pagas, muitas delas com a morte, carros que mostram as transformações feitas para esconder pessoas e ainda apelos aflitivos de pais que tentam saber de filhos que ainda crianças lhes foram retirados como forma de os reter no leste. Há também muitos testemunhos de histórias com finais felizes e algumas delas com bastante humor. Devido às escavações que estão a fazer logo do outro lado, o leste, estão a ser descobertos horrores que foram perpetrados não só contra judeus como também contra alemães que se opunham ao poder vigente. À medida que avançam as obras e vão aparecendo vestígios de um período negro da Alemanha, vão sendo colocados grandes painéis escritos em alemão, inglês e francês a explicar minuciosamente as descobertas macabras. Este é o exemplo de um país que tenta exorcizar os seus demónios e fá-lo aos olhos de toda a gente. Do lado ocidental, erguem-se uma série de construções de arquitectura moderna a desafiar quase a lei da gravidade e, entre eles, destaca-se a Praça Sony. Imponente. Para além dos numerosos monumentos a visitar, das constantes exposições artísticas, respira-se arte por todo o lado, até a de rua é um caleidoscópio para o corpo e espírito. Para outros gostos, há ruas e ruas pejadas de lojas para todos os bolsos e quem não gostar de calcorrear (o que discordo!) pode sempre visitar o KaDeWe, um dos maiores centros comerciais da Europa, com mais de 100 anos de existência.
Fiquei hospedada em Mitte. Mitte guarda surpresas em quase todos os quarteirões em forma de pátios. O crescimento selvagem da população de Berlim por volta do século XIX fez com que se edificassem pátios no interior dos quarteirões, criando autênticas "micro-cidades" dentro dos mesmos. Deste fenómeno, surgiram muitos pátios pequenos onde havia (e ainda há) lojas, bares, restaurantes e até teatros e cinemas. Há quem diga que as ruas de Mitte são apenas metade (ou menos) do espírito deste bairro.
Adorei esta viagem!

- Professora Fernanda Felgueiras

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